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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Céu de maio em Brasília!




Clarice Lispector (1920-1977), que também falou de 

Brasilia  com  sua prosa insólita e inquietante. Depois da primeira 
visita à cidade, em 1964, ela escreveu “Nos primeiros começos de 
Brasilia”, em que diz: “Brasília é construída na linha do horizonte. 
Brasília é artificial. Tão artificial como devia ter sido o mundo 
quando foi criado. Quando o mundo foi criado, foi preciso criar um 
homem especialmente para aquele mundo. Nós fomos todos deformados pela 
adaptação à liberdade de Deus. Não  sabemos como seríamos se 
tivéssemos sido criados primeiro, e o mundo depois, deformado às 
nossas necessidades. Brasília ainda não tem o homem de Brasília.

        Hoje, o homem (e a mulher) de Brasília talvez já existem.  Clarice 
voltou em 1974, em plena ditadura. Sentiu-se “como se um gigantesco 
olho verde me olhasse implacável”. Depois de confessar espantos e 
encantos ela conclui: “Vou agora escrever uma coisa da maior 
importância: Brasília é o fracasso do mais espetacular sucesso do 
mundo. Brasília é uma estrela espatifada. Estou abismada. É linda e é 
nua. É um futuro que aconteceu no passado. Eterna como uma pedra. A 
luz de Brasília me cega. For a isso, Viva Brasília”.   Viva. 

Publicado por Tereza Cruvinel. CB.



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