P/ Fernanda Figueiredo.
Contada por Joana Serra (in memoriam)
Este é um episódio verídico que envolveu... Uma garrafa de cachaça especialíssima. Joana Serra, Janoca, como era conhecida, ajudou em nossa criação, conviveu conosco por mais de trinta anos. Muito respeitada por todos, era quem cuidava de tudo em casa. Séria, como boa canceriana, gostava de cuidar dos outros e –porque não- de beber o seu gole de vez em quando.
Enfim... Chegou em casa, chamou Janoca e disse-lhe:
Ganhei este presente, cachaça de 20 anos, guarda bem guardada, como um tesouro para o dia que precisar me entregar.
Sim, Senhor- respondeu ela.
Com tantas recomendações, foi a mais pura tentação... Janoca guardou a cachaça em seus aposentos debaixo de sete chaves. Mas o pensamento estava somente na garrafa, bem bonita, parecia jóia preciosa, fina. Todo dia chegava ao quarto andava de um lado para outro, e ficava até meio tonta... Abro... Não abro... Bebo... Não bebo... Somente uma provinha não fará diferença, pensava.
Janoca, finalmente, bebeu... Ah... Que delícia! Era da boa! Não pense, porém, que ficou na prova. Todo santo dia experimentava mais um golinho da boa. Aí pensou: Meu Deus seu Chiquitinho vai brigar comigo... Já estava pelo meio a mardita quando tchan tchan tchan...
Chega uma importante autoridade no Município de São João Batista. E Chiquitinho o convida para uma conversa em sua casa. E a conversa rende. Fala de Alambique, cachaça, conversa vai conversa vem...
-O Senhor tem experimentar uma cachacinha de 20 anos que trouxe especialmente para uma ocasião especial como esta.
Chamou Janoca. Traga aquela cachaça que pedi para guardar.
Janoca fica pálida, treme nas bases. Vai para o quarto e começa a rezar ao Aí, meu São Benedito, Aí, meu São Brás, que irei dizer.
E papai: Janoca a cachaça!
Estava demorando demais...
Se disser que quebrou não irão acreditar,
- Janoca a cachaça!
Que dizer? Que roubaram ou que sumiu, pior ainda. Como não sei mentir... Pensou Janoca.
Papai repetiu: Janoca a cachaça!
Janoca veio então à sala e, com ares de arrependida, respondeu baixinho: Seu Chiquitinho, eu bebi...
O quê? Retrucou Chiquitinho.
E contou para a autoridade presente o acontecido e acabaram todos se divertindo com a história...
Moral da história: Eu bebo sim estou vivendo... Ou: Quem bebe morre, quem não bebe morre também...
Esta história faz parte do livro da minha autoria: “Centenário de um Lutador” (1913-2013) sobre Francisco Figueiredo ou Chiquitinho como era conhecido no meio político,em homenagem ao meu saudoso pai. E, também, dessa forma, homenagear Joana Serra (foto abaixo)
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