O eco do caviar
Fernanda Figueiredo.
Revoltante os insultos ouvidos no estádio de abertura da Copa, na capital paulista, dirigidos à autoridade máxima deste país, Dilma Rousseff. O eco de palavras de baixo nível ditas por uma elite irada e inconformada com os avanços sociais- impactaram o povo brasileiro.
No intuito de chamar atenção nesse evento oficial, o camarote vip quis ensaiar um comportamento cênico engraçadinho, mas o povo brasileiro o considerou abominável. Causou ojeriza. O tiro saiu pela culatra. Até os adversários do governo não gostaram.
Ecoou um ar fétido de quem arrota arrogância. Como diria Cazuza: A burguesia fede...
Presume-se que essa elite não esteja satisfeita com as políticas sociais, com a redução das desigualdades sociais no Brasil. A mesma elite que não aceita aeroportos cheios, com o povão viajando para o exterior, com o Zé povinho comprando carro, moto, com o Zé ruela se tornando microempresário. Essas conquistas sociais incomodam demais. O que não sabem é que são os mais pobres que sustentam os ricos.
Não sou socióloga, tampouco historiadora, simplesmente uma observadora da realidade social. Em minha volta tenho visto mudanças transformadoras, vejo que essa mesma gente diz que o Brasil está se tornando Cuba. E, que o nosso país não é Cuba. Ouço bastante esses comentários. Além de saber xingar, a elite brasileira é mal informada e preconceituosa... E acrescentou, para o mundo inteiro ver: falta de educação e de respeito.
Imperioso dizer, também, que éramos a 11ª economia mundial, passamos para a oitava e agora somos a sexta. Ultrapassamos a poderosa Inglaterra. Nossa economia tem favorecido a melhoria de qualidade de vida de muitos cidadãos brasileiros.
Faço uma análise, muito mais pela indignação, em razão de encontrar-me à vontade para isso, visto que não sou filiada ao PT, não tenho vínculo empregatício com o Governo, não ocupo cargos. Analiso essa questão como cidadã.
Há de se discordar sem se perder a ternura, ou, compostura; optar por qualquer outro candidato, mas na base das discussões sociais, políticas e econômicas, na base dos argumentos, e não do xingamento, da intolerância. Faz-se necessário maior amplitude política, e embasamento para isso.
Somos uma jovem democracia, nem tudo pode ser resolvido com varinha de condão. Questões como da saúde e educação levarão mais tempo, esforço do governo e da sociedade. O país tem uma dimensão territorial enorme, não é fácil para ninguém governar essa multiplicidade de interesses, país que tem na sua raiz a corrupção e não é fácil combatê-la. O Brasil é um país gigante e gigantes são os seus desafios.
Por fim, não existe mais o formador de opinião, com a explosão da informação, esse embate se dá nas redes sociais. Muitas pessoas saíram dos guetos virtuais e partem mesmo para os ataques, xingamentos em que são dirigidos aos políticos, e os famosos em alguns casos. Nesse pressuposto, tenho dito que as redes sociais são uma ferramenta poderosíssima, nela o cidadão passa de mero telespectador ou leitor para agente que participa, atua. Resumo da ópera: Não dá para ficar calado. Resta, portanto, indignarmo-nos.
Entretanto, é bom exigir respeito. Se o cidadão não respeita a presidente do seu país, vai querer exigir respeito de quem? Haverá intolerância no seu dia-a-dia, na fila do pão, na esquina, no trânsito, de modo que tem que ter respeito em relação à figura da Presidência da República e ponto final.