Mulheres no Poder...
Fernanda Figueiredo.
A luta das mulheres prossegue. Sobretudo, na política. À primeira mulher à assumir uma prefeitura ocorreu em 1929 na cidade de Lages (RN) com Alzira Soriano e a primeira deputada federal foi a paulista Carlota Pereira de Queiroz, que ganhou o cargo nas eleições de 1932. Eunice Michiles, suplente, assumiu o Senado em 1979. Em 1990 foram eleitas as primeiras senadoras. O avanço no exercício da cidadania foi imenso, mas há muito para evoluir no campo da política e do poder.
Com a aprovação da Lei da ex-deputada Marta Suplicy, os partidos foram obrigados a reservar 30% das vagas para candidaturas de mulheres. Nem sempre há cumprimento das cotas. Haverá um tempo que não iremos necessitar da obrigatoriedade de uma lei para garantir a participação das mulheres na política. Há muito a minha intuição anunciava que ainda teríamos uma mulher no poder máximo deste País. O Brasil é comandado por uma mulher combativa, com histórico de lutas. Ainda, escuto nas ruas comentários preconceituosos dos que não respeitam as mulheres no poder,mas são vozes isoladas.
As ditas minorias na realidade constituem a grande maioria. Já a participação das mulheres sempre foi minoritária nas decisões de estrutura partidária. Tive a participação em algumas instâncias partidárias e pude verificar que o número variava entre duas a quatro mulheres no máximo, bem menos que a metade da composição da direção do partido.Em algumas reuniões cheguei a ser única mulher com direito a voz e voto e muitas vezes, me sentia como se tivesse perdido minha identidade feminina.
O círculo da política ainda é masculino, fruto da dominação de mil e tantos anos de falocracia, de valores predominantes de uma sociedade que ainda tenta conservar esse resquício de autoridade. Senti certo constrangimento quando alguém citou que não havia mulher na reunião da executiva regional do partido. Essa observação me deixou intrigada, quer dizer, mulher na militância política se transforma em dama de ferro ou assexuada. E, tratava-se de partido político tido “moderninho”, paradoxalmente, foram reuniões sempre predominantemente masculinas, exceto, quando havia alguma convidada. Certamente, imbuídos de um conceito colonialista, os preconceitos continuam. Antigamente a mulher não votava e nem era votada.Somente em 1946 o voto feminino passou a ser obrigatório.
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Bauhinia variegata L- Asa norte |
Ficamos suscetíveis à toda forma de opressão e isso, nos atinge abruptamente. Ouvi nos bastidores políticos a seguinte pérola: “Mulher bonita, separada, que entra no partido para fazer militância é porque está à procura de marido.” Muito preconceito e machismo. Com à chegada das mulheres em vários centros de poder decisórios, a tendência da governança, diferente dos chavões machistas, é de um perfume mais suave. A mulher tem garra, muita capacidade e disposição para novos paradigmas de gestão, para mudar o País, quem sabe o mundo. As mulheres podem. E devem.
Quando se ocupa cargos no governo a tendência é a mesma tem-se à percepção de que a voz de comando que ecoa do Poder é sempre masculina em diversas hierarquias. Com a eleição da presidenta Dilma, parece haver uma mudança estrutural. Mulheres ocupam cada vez mais postos importantes no Executivo. Há uma mudança comportamental. É fato. Há prenúncio de transformação. Um bom sinal dos tempos...( sem revisão)