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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O dia que o rio Pipiripau sangrou!





 RIO PIPIRIPAU

A cena chocante: Sangue invadiu o rio Pipiripau em Planaltina-DF, acidente causado por Frigorífico localizado próximo ao córrego. O desastre, segundo à imprensa,  ocasionou grande vazamento de sangue e resíduos de animais devido a problemas na tubulação. Os Órgãos ambientais foram chamados para uma vistoria.

Por falar em proteção aos nossos rios, aproveito   para alertar o destaque (do Código Florestal), aprovado pelos ruralistas que coloca um fim na proteção aos rios intermitentes (que ficam secos na estiagem) mas  que são importantes para as bacias hidrográficas e, portanto, esse ciclo deve ser respeitado.

Nosso Cerrado corre risco, nossas APPs e matas ciliares, com essa alteração do Código Florestal e a votação dos destaques. Vamos ficar atentos!

Vamos preservar nossos recursos hídricos. Pesquise na internet o  Rio Citarum  o mais poluído do mundo, que fica na Indonésia, a oeste da Ilha de Java. E vamos despoluir os nossos.





Rios brasileiros...





“Nossos Rios”

                                                                                    Fernanda Figueiredo-2012                                                                                                    

Preservai,

os nossos rios,
os de nomes mais belos
como o Rio Dourado,
Rio Encantado, Rio Formoso
Rio das Flores, Rio Bonito
E, o próprio Rio Belo...

Os de nomes mais curiosos,

como o Rio Xambrê, Rio Fartura, Rio Flexal
Rio Cocó, Rio Timonha, Rio Poxim
Rio Desquite, Rio Lava-Tudo, Rio Engano.

Quem sabe...

encontrar o Rio Perdido,
O Rio do Sono...
Alongar-se no Rio Preguiças
Seguir até o Rio Lençóis
Acordar com o Rio dos Sinos...

Navegar,

no majestoso Rio São Francisco
na intimidade “Velho Chico”
no extenso Rio Amazonas, o Rio Negro, o Rio Marmoré,
no Rio Mogi-Guaçu e o Rio Potengi.

Preservar a fauna, 

do Rio dos Patos,
Rio dos Papagaios, Rio dos Bois,
Rio do Veado, Rio Pinto,
o  Rio das Antas e Rio Pomba!

Enfrentar,

o Rio Botas, o Rio Piranhas-Açu, o Rio Ponta-Grossa, o Rio Jacu.

Encontrar,

o Rio Jarí, Rio Tapajós.
o Rio Ouro e o Rio Prata
Rio Itajaí, Rio Ribeira, Rio Pardo
o Rio Doce e o Rio Salgado.

Vamos cuidar,

do Rio Tietê, do Paraíba do Sul,
Rio Guandu, Rio Timbó, Rio Jaboatão, Iraí
Alto Iguaçu.

Pelos nomes seriam os menos poluídos:

Rio Claro, Rio Fartura, Rio Verde.
Rio Azul.

Os de nomes mais ilustres:

Rio Gonçalves Dias que não se situa na terra do poeta e,
sim, no estado do Paraná.
Ainda, o Rio Roosevelt.

E, deparar-se,

com Rio Descoberto
Rio dos Peixes, Rio Araguaia, Rio Paraguai.
Rio Gurupi, Rio Poti, Rio Madeira, Rio Mambucaba,
Rio Macaé.
Rumo ao Rio Boa Viagem
Seguir o Rio Xingu, Rio Juruá e o Rio Guaporé.

Arriscar-se,

no Rio das Onças,
Rio das Cobras, Rio Sapão, Rio das Rãs,
Rio Jacaré e Rio Jararaca

Assustar-se,

no Rio Breu, Rio Turvo,
Rio Sombrio,
Rio das Almas, Rio dos Corvos
Rio das Mortes, Rio dos Caixões
Rio Inferno Grande.
Nada de Susto,

no Rio Mineiro que se localiza no
Rio Grande do Sul e no mesmo estado
atravessar o famoso Rio Guaíba, apesar de ser um
lago.

Tem ainda,

O Rio Solimões, Rio Purus, Rio das Velhas e o Rio Novo,
O Rio Ipanema que não é carioca, mas situado em Alagoas.

Os Rios Sagrados,

Rio São Bento, Rio São Bartolomeu, Rio São Mateus, Rio São
Lourenço, Rio São Sebastião,
Rio  São João, Rio São Jerônimo, Rio São Manuel, Rio São
Gonçalo, Rio Santo Onofre.

E, ainda, rios das Santas:

Rio Santa Quitéria, e Rio Santa Teresa.

Os rios de compositores famosos:

O Rio São Francisco (Gonzagão), Rio Jarí (Nazaré Pereira) e o Rio
Piracicaba...

Existe, acredite...!

O Rio Feio, Rio Pai Mané, Rio Sovacão e o  Rio Jaburu.

Um rio para homenagear uma mulher:

“Rio Adelaide”, no estado do Paraná.

Um rio de uma família:

“Rio Figueiredo” no Estado do Ceará

Um rio em homenagem a Terra Brasilis:

“Rio Pau Brasil”

Fiz  esta homenagem:

Aos rios... E, quase esqueço o PA-RA-TI!




Nota: Este poema foi escrito antes da tragedia do Rio Doce O que era doce ficou amargo pela irresponsabilidade e ganância dos empresários. Mataram um rio - o maior desastre ambiental do país. Água é riqueza do século XXI, entendam isso.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Artigo republicado: Do Xingu a Xangai


Do Xingu a Xangai

Fernanda Figueiredo             
                                                                                                                                                          Publicado em vários blogs em 2011.

Em 1987, um facão afiado entraria para a história. A índia Tuíra desafiava o presidente da Eletronorte, em razão da construção de duas hidrelétricas.

Para defender o seu povo e seu habitat, aos olhares de uma plateia atônita, composta de ambientalistas, convidados e centenas de jornalistas estrangeiros que cobriam o I Encontro dos Povos do Xingu, Tuíra partiu com o seu facão na direção do homem branco que insistia em construir as duas represas: Babaquara e kararaô.

                                                                                                 
                                                                               

Hoje, o mesmo embate se redesenha e o nome Kararaô alterado para Belo Monte. A UHE Belo Monte vem com slogan governamental da terceira hidrelétrica do mundo. Com o retorno dessa discussão, são inúmeros os artigos, o protesto dos índios, o engajamento de cineastas hollywoodianos, paralisações nos canteiros de obras, embargos, demissões, muita encrenca no Ibama, a falta de licença de instalação, a saída de consorciados e, por último, a manifestação da Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos - OEA.

Basta apenas um mergulho nas águas turvas do Rio Xingu naquele cenário lúdico, para se respeitar o Xingu, um símbolo da Amazônia. Difícil imaginar que o percurso daquelas águas poderia gerar tanta celeuma. É sabido que o projeto é impactante para a biodiversidade, e, portanto, faz-se necessário enxergar a região do Xingu em dimensão 3D, e no que de fato esse ecossistema, essa rica diversidade biológica, contribui para o equilíbrio da região e do planeta.

Há certo desrespeito no cumprimento da Constituição nos artigos que se referem aos direitos indígenas e às diversas Convenções internacionais das quais o Brasil é signatário.

Eis a questão que norteia debates há décadas: A Amazônia é intocável? De jeito nenhum! A região precisa, antes de tudo, ser respeitada. Ao se analisar um mega projeto dessa natureza na Amazônia, vislumbra-se que a região passará a conviver com desastres ambientais, de maiores impactos. John Muir, naturalista norte-americano do século XIX, disse certa vez: "Quando se tenta agarrar qualquer coisa isoladamente na natureza, descobre-se que ela está ligada a todo restante do Universo.” Interferências, dessa forma, na Amazônia costumam ser desastrosas.”.

O Rio Xingu atravessa importantes áreas de reservas indígenas do estado do Pará. Habitats de espécies como o pirarucu, o maior peixe de água doce do mundo, tambaqui, golfinhos de água doce, botos e o jacaré Açu, e tartarugas gigantes. Todo o rico complexo de fauna e flora está ameaçado impossibilitando índios e ribeirinhos de sobrevivência. Espera-se, ao menos, que as ações de mitigações e de impactos socioambientais desse empreendimento não sejam maquiadas em projetos e pareceres.

Do outro lado do mundo, Xangai a "Cidade Luz"- asiática, mas parece um vagalume. Embora a China tenha a maior hidrelétrica do mundo, paradoxalmente tornou-se referência em energia eólica. Segundo novo relatório divulgado pelo Greenpeace, o Chinese Renewable Enèrgy Industries Association (CREIA) e a Global Wind Energy Council (GWEC), a capacidade instalada de energia eólica na China até 2020 será equivalente a treze vezes a capacidade da UHE Três Gargantas, no Rio Yangtse.

Torna-se necessário repensar outras fontes energéticas neste país ensolarado e abençoado por Deus. Ou pensar como alternativa às grandes hidrelétricas a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs. Com certeza, de menor impacto e bem mais aceitável que as termoelétricas. As políticas públicas necessitam avançar muito mais em alternativas energéticas mais limpas e renováveis. Segundo o que foi publicado na imprensa, o país investirá R$ 25 bilhões em 141 projetos no nordeste. E a MP 517 que trata de várias discussões no Congresso prorroga o Programa de Incentivos às Fontes Alternativas.

Ocorre que o governo quer investir mais em energia nuclear: muitas usinas estão programadas para o nordeste, mesmo depois do acidente do césio 137. Um país que não controla o destino final de uma cápsula radioativa projeta construir mais usinas? É preciso reavaliar, também, a energia nuclear, diante dessa dimensão de desastres naturais cada vez mais comuns. Até a Alemanha quer rever seu aval para Angra 3, depois que o Japão perdeu o controle sobre Fukushima.

O Brasil talvez chegue aos parâmetros de sustentabilidade quando deixar de construir usinas nucleares ou implantar projetos faraônicos na Amazônia. Não faz muito tempo Daniel Ludwig (Jarí) e Henry Ford (Fordlândia) investiram em modelos de desenvolvimento de efeitos adversos para a região. Vimos outros exemplos dos que construíram as usinas hidrelétricas, salvando-se alguns macaquinhos, em operações desastrosas.
Na atual conjuntura, o facão afiado é apontado para o licenciamento e Belo Monte será o teste da legitimidade e da eficiência ou não da política ambiental brasileira.

Fernanda Figueiredo é ambientalista, participou do I Encontro dos Povos do Xingu e do Comitê de Defesa da Amazônia, prestou consultoria ao MMA.
Contato: fernanda-figueiredo2012@bol.com.br

  

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Piquenique nem tão longe da esplanada... A busca alternativa de bom convívio com a natureza!


Brasília é, sem dúvida, o centro de decisões políticas do país, mas na   hora de almoço é preciso tirar o stress. Aqui  trata-se de um singelo  piquenique com amigos para  comemorar aniversário. Nem tão longe do Poder: Às margens do Lago Paranoá.

Outra forma de viver em Brasília!




                                                             

          Fotos Fernanda Figueiredo  


domingo, 5 de agosto de 2012

Nossa luta ao lado do companheiro Chico Mendes e nossas homenagens.


                                    Fernanda Figueiredo e Chico Mendes- Petrópolis- 1988.




                          Fernanda Figueiredo e Chico Mendes replantio de mudas na encosta Petrópolis


                                   Homenagem ao Chico Mendes-Canecão -Rio de Janeiro-1989



                               Lucas Figueiredo  & Chico Mendes - Foto Rômulo Campos



 Foto extraída do jornal do Gabinete do Dep.C. Minc


                               
Homenagem  ao Chico Mendes no Show da Elba -Canecão- Rio    
Coordenação: Fernanda, Miriam, Mynssen. -1989.

Artigo republicado






Chico Mendes, Dorothy e Francelmo

Publicado em 2006 no portal AMBIENTEBRASIL

Fernanda Figueiredo (*)

No dia 22 de dezembro de 1988, tiros ouvidos na boca da noite, ecoaram no mundo. Chico Mendes fora assassinado. Na época, morava no Rio de Janeiro e acordei com a notícia que transformaria a retórica ambiental. A grande repercussão do seu assassinato proporcionou uma nova dimensão às questões ambientais no Brasil. A discussão sobre meio ambiente saiu dos guetos para as primeiras páginas do New York Times com grande rebuliço nos mais diversos segmentos e poderes decisórios.
Havia sonhado na véspera dessa tragédia com um funeral e nele estava contido uma mensagem de renascimento, um bebê morreria, mas vários outros nasceriam. Quase premonição. Vislumbrei que outros Chicos Mendes surgiriam, homens e mulheres lutariam por essa causa. Usa-se a expressão “é Chico Mendes de saias” para glorificar a luta das mulheres ambientalistas. Embora considere não tão adequada essa expressão, uma mulher deu sua vida na luta pela defesa da Amazônia, a americana Dorothy Stang. Outro assassinato anunciado.
Dorothy, como o Chico, foram marcados para morrer por uma causa, a luta da preservação da região amazônica. Convivi com Chico Mendes, meses antes do seu assassinato, quando se refugiou no Rio de Janeiro, após constantes ameaças que vinha sofrendo no Acre. Era um homem pacato, de fala mansa, que se dispunha a preservar a floresta, defendia os seringais e ousou falar ao mundo a palavra Empate, uma maneira dos povos da floresta impedirem as derrubadas.

Nessa andança pelo Rio de Janeiro, ele ainda era um ambientalista pouquíssimo conhecido. Algumas lideranças como Carlos Minc, Liszt Vieira, Betinho e Fernando Gabeira entre outros viram naquele homem simples, que acabara de ganhar um prêmio internacional, um porta voz da floresta e da sua gente.
Reconto essa história para uma geração que não viveu os fatos. Meu sobrinho, o Lucas, ainda garoto, ao entregar umas flores, foi carregado no colo pelo Chico Mendes. Hoje, está com 21 anos. Talvez, para ele, seja fundamental reconhecer esse ato simbólico, que faz parte da sua infância. Esse simbolismo torna-se importante para meditarmos sobre outras mortes que se sucederam em nome desta causa e que tem na conservação do planeta, por esta geração e futuras, seu objetivo maior se o ser humano assim o permitir.
E, passados dezessete anos, ainda recordo o Chico Mendes contando causos da Amazônia, quando viajamos para Petrópolis para um encontro com os “verdes”. Deixava transparecer aquele sentimento de homem puro, de um contador de estórias, talvez já imaginando que seu destino estava selado nos grotões do interior do Acre.

No assombramento daqueles que lutam pelo meio ambiente, o Brasil sofreria mais um abalo. A morte do Francelmo me faz remeter a poesia do Augusto dos Anjos “No desespero dos iconoclastas, quebrei a imagem dos meus próprios sonhos…”.
Com mais essa tragédia, quebrei a imagem romântica, dos tempos que erguíamos faixas em plena  Avenida Rio Branco, no Rio, quando pouco se falava em ecologia e distribuíamos flores para falar de gás natural, camada de ozônio, ciclovias.
Hoje, o interesse econômico continua falando mais alto, criam-se barreiras, fomentam-se políticas e tentam nos acuar. Nesse contexto, não suportando a pressão, Francelmo chegou ao extremo de colocar fogo nas vestes para salvar o pantaneiro, a rica fauna da região e as suas águas.
Lá se vão mais de vinte anos que escrevi meu artigo sobre “Ecologia” no Jornal do Brasil e, de lá para cá, muito se evoluiu na disseminação da causa, inclusive em políticas públicas, mas pouco se avançou na mudança de mentalidade dos que ditam as regras do poder econômico. Acham que o dinheiro compra um planeta, vida, lembranças. Onde?
* É ambientalista.